Reconhecer e valorizar as manifestações e expressões da cultura popular cearense
Reconhecer e valorizar as manifestações e expressões da cultura popular cearense. Momento de adentrar os saberes ancestrais que atravessam gerações e nos guiam ante o futuro. Realizado pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), e em parceria com o Instituto Mirante de Arte e Cultura, começou, nesta quinta-feira (5), o XVI Encontro Mestres do Mundo.
Entre os dias 5 e 7 de dezembro, o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, localizado no Crato, será território de uma rica programação gratuita com mais de 30 atividades. Para o público, trata-se de um contato único com as vivências de mestres e mestras da cultura, comunidades tradicionais, culturas indígenas e afro-brasileiras.
A rica programação que acontece no CCCariri, equipamento da Rede Pública de Espaços Culturais do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante, reúne rodas de saberes, homenagens, terreiradas, oficinas, shows musicais, mesas temáticas, feiras da economia criativa e solidária. Além do tradicional cortejo de abertura que abraça as diversas manifestações dos Tesouro Vivos, o evento traz o “Simpósio de Patrimônio Imaterial” em parceria com o Ministério da Cultura (MinC).
Durante a cerimônia de abertura, a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, agradeceu aos mestres e mestras da cultura da tradição popular por construírem com a Secult as políticas que envolvem os Tesouros Vivos do Estado. Uma parceria e diálogo que resultaram na organização desta 16ª edição do Encontro.
A titular da pasta salientou a importância da conexão das culturas do Ceará, do Brasil e da América Latina, tão marcante no Encontro deste ano, “porque permite essa força de um encontro verdadeiro, profundo, aberto, afetuoso, que é tão importante para gente atualizar nosso sentido de viver”.
A Coordenadora de Patrimônio Cultural e Memória da Secult Ceará, Jéssica Ohara, pontuou: “algumas pessoas têm essa função de manter o encantamento do mundo, de tornar a vida possível. E eu acho que vocês, como mestres e mestres, fazem isso. A gente entende quando a gente encontra vocês que há outras formas de viver, há outras formas que são além de sobreviver e que a gente ainda pode ter muita esperança no futuro e ter uma memória salvaguardada também”.
Realizado desde 2005, o Encontro Mestres do Mundo é uma iniciativa de abrangente interiorização da cultura cearense. O Encontro já foi acolhido pelas cidades de Fortaleza, Quixadá, Aquiraz, Limoeiro do Norte, Jaguaruana, São João do Jaguaribe, Russas, Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato e Porteiras, reunindo mestres, grupos e coletividades titulados como Tesouros Vivos da Cultura do Ceará.
Cada mestre, um saber a cultivar
Em sua 16ª edição, o evento estruturante da Secult Ceará conecta-se à pluralidade dos guardiões e guardiãs de nossa memória. É tempo de viver pela perspectiva de seus saberes e fazeres relacionados aos ciclos de vida da natureza, evidenciando os impactos das mudanças climáticas no contexto local, regional e global.
Logo pela manhã, Mestres e Mestras de várias regiões do Ceará chegavam ao Centro Cultural Cariri. A primeira ação do dia teve foco na acolhida das principais estrelas do evento. Na ocasião, aconteceu o credenciamento e uma equipe de enfermagem realizou testes para detecção de possíveis sintomas gripais entre cada mestre participante.
Em seguida, foi aberto o “Simpósio de Patrimônio Imaterial”, que este ano, abraça o tema “O lugar das culturas tradicionais e populares e da cultura viva nas políticas públicas”. Durante os três dias do Encontro, serão organizados sete debates temáticos com diferentes autoridades do campo cultural cearense e brasileiro. A mesa “Tesouros Vivos do Ceará e o Programa Kariri Criativo: Construindo o desenvolvimento sustentável” discutiu as perspectivas dessa importante política pública que será efetivada em 2025.
A iniciativa reuniu a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela; a diretora de desenvolvimento econômico da Cultura e Secretaria de Fomento e Incentivo Cultural do MinC, Andrea Santos Guimarães; Mestre Aécio de Zaíra; a professora da Universidade Estadual do Ceará, Cláudia Leitão; o agente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste na Região do Cariri, Arony Garcia e o diretor da Quitanda Soluções Criativas, Paulo Victor.
“Que possamos discutir temas que são importantes à política pública popular e tradicional. E outros temas que fortalecem a presença e importância da salvaguarda, difusão e valorização de nossos mestres e mestras. De toda a cultura que vivemos, produzimos e fazemos”, abordou a secretária da Cultura, Luisa Cela.
Segundo a diretora do Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, Rosely Nakagawa, os encontros são importantes, especialmente para reunir mestres de várias regiões. A partir desta dinâmica característica do evento, são pensadas novas políticas públicas de salvaguarda das tradições.
“Podemos estudar a melhor maneira para que esses encontros sejam produtivos e que as relações entre mestres, natureza, seres humanos, entre mestre e filho, cuidadores e mestres, secretarias, mestres e MinC, seja um exercício de interlocução e trocas”, avaliou a gestora.
A programação da tarde iniciou com a mesa “Políticas públicas para as culturas tradicionais e populares”. Participaram Tião Soares (Diretoria de Promoção das Culturas Populares e Culturais – SCDC / Minc), Márcia Rollemberg (Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural – MINC), Jéssica Ohara (Copam Secult Ceará), Luisa Cela (Secretária da Cultura do Ceará), Marcelo Renan (Gerente de Patrimônio Imaterial Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco-FUNDARPE).
Em seguida foi a vez da mesa 3, denominada “Panoramas atuais das culturas tradicionais e populares”. O tema foi discutido com Juliano Basso (Casa Cavaleiro de Jorge/Aldeia Multiétnica – Goiás), João Lemos (Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano – FOCUARTE), Mestra Carla Mara Henrique Silva (Tesouro Vivo do estado do Ceará) e Dane de Jade (Pontão da Rede de Culturas Populares e Tradicionais ONG BEATOS).
Expressão popular nas ruas
Às 17h, iniciou a Feira dos Mestres. Oportunidade para encontrar a diversa produção de nossos mestres e mestras. Artesanato, cordel, cerâmicas e inúmeras outras expressões de saber materializadas estão em exposição e venda. Em seguida, foi momento do aguardado cortejo de abertura. As ruas do Crato foram tomadas pela riqueza de Tesouros Vivos e 11 grupos de tradição do Cariri.
Durante a abertura oficial do Encontro, Mestra Zulene, Tesouro Vivo do Ceará, parabenizou o evento. Cantou e animou o público com sua fala e seu pandeiro. A guardiã do saber também parabenizou as ações de reconhecimento dos Tesouros Vivos do Estado: “A nossa cultura é um tesouro vivo e é uma tradição popular do povo brasileiro. Então, vocês que são mestres também, sejam bem-vindos ao Centro Cultural, porque aqui nós temos o apoio de todos”.
Diante do público animado, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Hollmberg, destacou que o Ceará é um dos estados mais ativos em relação ao reconhecimento dos detentores dos saberes. “A importância de reconhecer o trabalho dos mestres e das mestras e, principalmente, a importância e a relevância de ver esse espaço cheio de crianças e jovens dançando, cantando e valorizando a sua própria cultura, de onde vieram, para podermos ter um país forte, cheio de identidade. Viva o Ceará! Viva essa terra linda! Viva os mestres e mestras do Brasil! Viva a cultura brasileira!”, celebrou.
A noite seguiu com apresentações de saber dos Encantados em confluências vivas. Foi a oportunidade de acompanhar a apresentação do Grupo Boi Estrela (CE). O palco montado no Terreiro das Artes, do Centro Cultural Cariri, foi tomado pelo Reisado Boi Coração Mestre Chico Emília (Quixadá/CE) e o show de abertura “Sereno Molhou”, com Lívia Mattos e Alessandra Leão Convidam Cici De Oxalá E Nary Nunes Kariri-Xocó.
ℹ️ SECULT - Secretaria da Cultura do Ceará
0 Comentários