Água em cidade do Ceará apresenta concentração de urânio sete vezes maior que o permitido; entenda




A água em uma localidade de Santa Quitéria, no interior do Ceará, apresentou concentração de urânio sete vezes maior que o permitido. A informação foi repassada pela Secretaria da Saúde (Sesa) do estado nesta quarta-feira (16/10).

A Sesa informou que, conforme resultados do teste sobre a qualidade da água do distrito de Trapiá, em Santa Quitéria, foi identificada a concentração de urânio acima do valor permitido em 14 das 15 amostras coletadas.

Conforme portaria de potabilidade GM/MS nº 888/21, o valor máximo permitido é de 0,03mg/L. Santa Quitéria é um município cearense rico em urânio. Na cidade, inclusive, existe um projeto de instalação da maior mina de urânio do Brasil 

As amostras passaram por avaliação do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), que posteriormente as encaminhou ao Instituto Evandro Chagas (IEC) para revisão.

A Sesa garantiu que, de imediato, todas as medidas necessárias foram tomadas, incluindo comunicação formal ao Ministério da Saúde, Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) e suas vinculadas, Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Casa Civil e outros entes relacionados ao tema.

De acordo com a série histórica registrada pela Sesa para a localidade, até o momento não foram identificadas condições clínicas e epidemiológicas de doenças sob suspeita de estarem relacionadas ao metal no distrito, que fica a um raio de 70 km de distância da jazida de Itataia. Conforme a secretaria, as funções renais são mais predispostas a sofrerem efeitos do urânio.

A secretaria disse ainda que está em execução um novo plano de amostragem de todo o município de Santa Quitéria. Nesta primeira fase, é realizado o mapeamento, com cartografia, dos pontos em que será realizada a coleta. As novas amostras devem ser reunidas no início de novembro, com novo processo de análise conduzido por Lacen e IEC.

Medidas adotadas

O Governo do Ceará falou ainda que, desde que tomou conhecimento do resultado do teste sobre a qualidade da água do distrito de Trapiá, tem tomado todas as medidas necessárias para minimizar a situação e resolver o problema no abastecimento.

O governo adotou, desde o dia 28 de setembro, uma série de medidas, considerando que o comprometimento da qualidade da água se dá por causas naturais, sob a conclusão de que o solo do local apresenta alta concentração do metal. Confira as medidas:

  • Criação de um Comitê Emergencial para Gerenciamento de Riscos e Contenção de Danos, formado pelas secretarias da Casa Civil, Recursos Hídricos, Saúde e Procuradoria-Geral do Estado, além dos órgãos Cagece, Cogerh, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Militar;
  • Interdição imediata dos pontos de coleta das amostras em que foi identificada a presença de urânio;
  • Orientação e acompanhamento multidisciplinar da população local, inclusive com a visita de técnicos de saúde e de abastecimento e realização de audiência pública;
  • Garantia do abastecimento à população da localidade com 15 carros-pipa diários;
  • Início do funcionamento da adutora nesta semana, que levará água do açude Araras até a localidade, com vazão de 18m³/h;
  • Elaboração de Plano de Contingência em resposta ao evento adverso, a partir de estratégia planejada e intersetorialmente articulada, objetivando minimizar efeitos.
O Governo do Ceará disse também que outras medidas serão adotadas de acordo com a necessidade, com o objetivo de proteger os cidadãos e cidadãs da comunidade de Trapiá.

Maior usina de urânio do Brasil

No dia 24 de maio, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) deu sinal positivo para a construção do local de beneficiamento de urânio do Complexo de Santa Quitéria, no Ceará. A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União quatro dias depois.

A jazida fica situada na fazenda Itataia, entre os municípios de Santa Quitéria e Itatira, a cerca de 210 quilômetros de Fortaleza. Ela é considerada a maior mina de urânio do Brasil.

A exploração da mina ficará a cargo do Consórcio Santa Quitéria, formado pela empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e com a Galvani Fertilizantes, do setor privado. A proposta é explorar a jazida por 20 anos.

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