Irã lança mísseis contra Israel, causando tensão. Oficial americano alerta sobre severas consequências. Israel em alerta máximo. EUA prontos para defender. Hezbollah ataca diariamente. Israel intensifica ações. Risco de guerra total. Incursões no Líbano contra armas do Hezbollah. Conflito se intensifica.
O Irã disparou cerca de 200 projéteis contra Israel na noite desta terça-feira (tarde em Brasília), horas após as primeiras informações sobre preparativos de um ataque de Teerã surgirem entre fontes ocidentais. Sirenes de alerta foram disparadas em Tel Aviv, Jerusalém e várias regiões do país, com os sistemas de defesa antiaéreos sendo acionados. Há ao menos um relato de um impacto direto de projétil em um prédio no norte de Tel Aviv, segundo o noticiado na imprensa israelense. A Guarda Revolucionária iraniana confirmou a autoria do ataque e anunciou que novos disparos serão realizados caso Israel decida retaliar a ofensiva. O Conselho de Segurança da ONU marcou uma reunião para quarta-feira para discutir o ataque iraniano.
"Há pouco, mísseis foram lançados do Irã em direção ao Estado de Israel", informaram as Forças Armadas israelenses em um comunicado divulgado às 19h30 (13h30 em Brasília) recomendando que os cidadãos buscassem proteção. "Ao ouvir uma sirene, você deve entrar em um espaço protegido e permanecer lá até novo aviso. As FDI estão fazendo e farão tudo o que for necessário para proteger os civis do Estado de Israel". Cerca de uma hora depois, um novo aviso foi emitido, autorizando os cidadãos a deixarem os abrigos.
Irã lança mísseis contra Israel
Os projéteis foram disparados contra diferentes partes do Estado judeu, que fechou o espaço aéreo diante da ofensiva — Jordânia e Iraque, que ficam no caminho entre Israel e Irã, fizeram o mesmo. O jornal israelense Haaretz informou que ao menos um prédio no norte de Tel Aviv foi atingido por um disparo direto, enquanto o Exército israelense comunicou que alguns dos artefatos disparados pelo Irã não foram alcançados pelo sistema de defesa, com impactos confirmados no centro e no sul do país. A imprensa palestina noticiou a morte de um homem na vila de Nu’eima, perto de Jericó, na Cisjordânia.
Apesar da dimensão do ataque, os serviços de emergência não confirmaram nenhuma morte em decorrência do ataque iraniano. Duas pessoas ficaram levemente feridas por estilhaços, em Tel Aviv, e outros chamados de menor gravidade foram atendidos, incluindo pessoas que se feriram enquanto seguiam para os abrigos. Explosões também foram ouvidas em Jerusalém. No aviso oficial sobre o ataque, o principal porta-voz das Forças Armadas israelenses, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que todos os sistemas de defesa do país estavam de prontidão para interceptar, mas advertiu que eles não garantiam que 100% dos projéteis seriam abatidos.
— O sistema de defesa aérea está totalmente operacional, detectando e interceptando ameaças onde for necessário, até mesmo neste momento. No entanto, a defesa não é hermética e, por isso, é essencial seguir as instruções do Comando da Frente Interna. Vocês podem ouvir explosões, que podem ser resultado de interceptações ou impactos. Devido à variedade de ameaças, alarmes podem ser acionados em áreas amplas — afirmou Hagari.
A Guarda Revolucionária do Irã reivindicou o ataque direto contra Israel — apenas o segundo em sua história —, afirmando ter disparado dezenas de mísseis em retaliação aos assassinatos do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e de um comandante iraniano. O corpo de elite das unidades militares iranianas também indicou que a resposta de Teerã em caso de retaliação iraniana seria "mais esmagadora e ruidosa". Uma fonte iraniana ouvida pela agência Reuters afirmou que Teerã compartilhou o plano de ataque contra Israel com a Rússia antecipadamente.
As autoridades iranianas também confirmaram que o o líder supremo aiatolá Ali Khamenei segue em um abrigo seguro no após o ataque contra Israel. Khamenei havia sido transferido para um local seguro após a morte de Nasrallah, no sábado.
Após o aviso para liberação dos civis dos abrigos antibomba e das Forças Armadas anunciarem que nenhuma nova ameaça do Irã havia sido detectada, Hagari fez um novo pronunciamento, afirmando que a ofensiva iraniana não ficaria sem resposta.
— Estamos em alerta máximo defensivo e ofensivo, protegeremos os cidadãos de Israel. Este disparo [de mísseis] terá consequências. Temos planos e agiremos no tempo e no lugar que escolhermos — disse.
Um alto funcionário da Casa Branca disse que os EUA ajudariam a defender Israel e alertou que um ataque direto contra Israel teria "consequências severas para o Irã". O presidente americano, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, monitoram o ataque iraniano contra Israel da Sala de Situação da Casa Branca. Biden instruiu os militares a ajudar na defesa de Israel contra ataques iranianos e derrubar mísseis que estão mirando em Israel.
Irã lança mísseis contra Israel
O ataque aéreo iraniano vinha sendo discutido desde cedo, quando fontes americanas afirmaram ter recebido informações sobre preparativos no Irã para atacar diretamente Israel. Ao Times, três oficiais israelenses afirmaram, antes do disparo se concretizar, que os alvos da nova ofensiva iraniana seriam três bases aéreas militares, além de uma sede de inteligência ao norte de Tel Aviv que foi evacuada na tarde desta terça-feira. Um repórter da Axios publicou no X que as forças iranianas deverão atacar o Estado judeu com mísseis balísticos que podem atingir alvos em 12 minutos, e não com drones ou mísseis de cruzeiro, que levam mais tempo. Em declaração à jornalistas, Hagari antecipou que o fogo iraniano provavelmente seria de grande escala.
Em abril, o Irã realizou um ataque retaliatório sem precedentes contra Israel, lançando mais de 300 drones e mísseis em direção ao território do Estado judeu. A missão iraniana na ONU afirmou, na ocasião, que a ofensiva foi feita em resposta à agressão contra as instalações diplomáticas de Teerã em Damasco, quando membros da Guarda Revolucionária, a força de elite iraniana, foram mortos. À época, muitos dos mísseis lançados pelo Irã foram abatidos por uma coalizão liderada pelos EUA, enquanto outros aparentemente falharam no lançamento ou caíram durante o voo.
O anúncio foi feito horas depois de o Exército israelense dar um ultimato para que moradores de cerca de 30 localidades no sul do Líbano abandonem suas casas e se dirijam para posições no norte do país — e após o início da operação terrestre de Israel na nação vizinha, lançada na madrugada de terça-feira (noite de segunda-feira no Brasil).
A Embaixada dos EUA em Israel disse a seus funcionários para voltarem para casa e estarem preparados para entrar em abrigos antiaéreos, a primeira ordem desse tipo em meses. Navios e aeronaves dos Estados Unidos também já estão posicionados na região para ajudar o Estado judeu em caso de um ataque do Irã. Há três destróieres da Marinha americana no Mar Mediterrâneo, um porta-aviões no Golfo de Omã e jatos de combate posicionados em toda a região. Todos têm capacidade para derrubar mísseis que se aproximem.
Israel aconselhou que os civis partissem rumo ao norte do rio Awali, a cerca de 60 quilômetros da fronteira — muito além do rio Litani, que marca a divisa norte de uma zona declarada pelas Nações Unidas como uma área neutra entre Israel e o Hezbollah após a guerra de 2006. No X, o Exército israelense escreveu que os moradores devem “imediatamente seguir para o norte” para “salvar suas vidas e deixar suas casas imediatamente”. O órgão militar também disse aos civis libaneses para se deslocarem para mais de 24 quilômetros da fronteira.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira que Israel está enfrentando “grandes desafios” enquanto luta contra o eixo iraniano. Na declaração em vídeo, ele instou o público a seguir as diretrizes de segurança pública do Comando da Frente Interna do Exército. O premier não fez menção direta à ameaça de mísseis.
Desde 8 de outubro, um dia após o ataque terrorista sem precedentes do Hamas em Israel, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e cerca de 250 foram sequestradas, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, passou a disparar foguetes quase diariamente contra o norte israelense, região da fronteira com o Líbano. A troca de hostilidades, que o grupo xiita alega ocorrer em solidariedade ao Hamas em Gaza, deslocou mais de 60 mil residentes de Israel da região (no Líbano, o número de deslocados pelo conflito já chegou a 1 milhão).
A escalada nas tensões segue a decisão de Israel, no último mês, de intensificar seus ataques contra o Hezbollah, incluindo o assassinato do líder do grupo, Hassan Nasrallah, em um ataque aéreo na semana passada. O Irã tem enfrentado pressão crescente para ajudar o Hezbollah, mas tem sido pego entre o desejo de proteger seu aliado e manter seu prestígio e influência, e a necessidade de evitar um contra-ataque de Israel que poderia destruir seu programa nuclear ou matar líderes iranianos importantes.
Agora, qualquer ataque iraniano contra o território israelense aumentaria significativamente o risco de uma guerra total entre Israel, Irã e seus aliados em todo o Oriente Médio. Durante anos, os dois países travaram uma guerra indireta, com o Irã buscando a destruição de Israel, e Israel tentando enfraquecer a influência regional do Irã, destruir seu programa nuclear e derrubar seu governo. Após um ano de conflitos entre o Estado judeu e vários parceiros de Teerã, incluindo Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os rebeldes houthis no Iêmen, Israel e Irã se aproximam de um confronto direto.
Após o anúncio do início da operação terrestre no Líbano, o principal porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, afirmou nesta terça-feira que as Forças Armadas israelenses operaram dentro do país vizinho dezenas de vezes desde o início da troca de hostilidades na fronteira norte com o grupo xiita libanês Hezbollah, em 8 de outubro de 2023, um dia depois do ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas no sul do Estado judeu.
Segundo o Exército israelense, foram mais de 70 pequenas incursões com forças especiais para alcançar centenas de posições do Hezbollah no sul do Líbano, algumas a vários quilômetros da barreira fronteiriça, incluindo contra túneis e bunkers em que o grupo estocava milhares de armas, algumas delas iranianas, que potencialmente poderiam ser usadas pelo grupo para invadir Israel. De acordo com o Exército israelense, os locais eram localizados dentro de vilas libanesas ou em áreas florestais.
— Nossos soldados entraram nas infraestruturas subterrâneas do Hezbollah, expuseram os esconderijos de armamentos do Hezbollah e apreenderam e destruíram as armas, incluindo armas avançadas de fabricação iraniana — afirmou Hagari durante uma entrevista coletiva. — No geral, os soldados das FDI expuseram e desmantelaram mais de 700 ativos terroristas do Hezbollah durante estas operações, e há muito mais trabalho a fazer — acrescentou. (Com AFP e New York Times)
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